Dinheiro no Futebol Feminino: Oportunidade para o Brasil

O futebol feminino brasileiro vive um momento de expansão e consolidação. Após décadas de descaso e desinvestimento, a modalidade começa a ganhar espaço, impulsionada por resultados de campo e pelo crescimento do interesse do público e dos patrocinadores. O relatório da Convocados Gestora de Ativos de Futebol, Outfield Inc e Galapagos Capital traz números e análises que mostram tanto as oportunidades quanto os desafios que ainda persistem para o futebol feminino no país.

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Crescimento do número de clubes e competições

Em 2024, o Brasil alcançou a marca de 50 clubes que disputam campeonatos nacionais femininos de forma profissional ou semiprofissional. Esse número é expressivo e demonstra como o calendário do futebol feminino está cada vez mais estruturado.

Entre os destaques:

  • Aumento de clubes: de 32 em 2021 para 50 em 2024, crescimento de quase 60%.
  • Campeonatos consolidados: Brasileirão Feminino A1, A2 e A3, além da Supercopa Feminina.

Esse avanço permite que jogadoras de todo o país tenham oportunidades de se profissionalizar e, ao mesmo tempo, fortalece a cultura do futebol feminino nos clubes e nas comunidades.


A necessidade de maior apoio financeiro

Apesar do crescimento, o futebol feminino ainda enfrenta sérios desafios no que diz respeito a investimentos. O relatório destaca que as receitas comerciais e de sócio-torcedor dos clubes ainda são, em sua maioria, voltadas para o masculino. O futebol feminino fica com uma fatia muito pequena dos recursos, o que limita contratações, estrutura de treinamento e visibilidade.

  • Baixo investimento: muitos clubes ainda não destinam orçamento próprio para o futebol feminino, usando apenas verbas de patrocinadores que exigem a modalidade como contrapartida.
  • Carência de marketing específico: ainda há pouca comunicação voltada para as jogadoras e para o público feminino.

Esses fatores criam um círculo vicioso: sem investimento, o produto não se desenvolve; e sem desenvolvimento, não há interesse comercial em expandir ainda mais a modalidade.


Oportunidades de público e engajamento

O relatório também aponta para uma oportunidade real de crescimento do público do futebol feminino. A média de público e a taxa de ocupação de estádios, ainda tímidas, têm potencial para saltos consideráveis.

  • Modelo internacional como exemplo: clubes europeus e sul-americanos têm investido em marketing e em experiências diferenciadas para atrair famílias e jovens torcedoras, algo ainda pouco explorado no Brasil.

A expansão do programa de sócio-torcedor e das experiências de matchday para o público feminino e para toda a família pode ser o caminho para consolidar uma nova cultura de torcer pelo futebol feminino.


Casos de sucesso e boas práticas

Alguns clubes brasileiros já deram os primeiros passos para consolidar a modalidade:

  • Corinthians: múltiplos títulos nacionais e estrutura profissional, com base forte e captação de patrocínios.
  • Palmeiras e São Paulo: investimento em categorias de base e estrutura profissional para as atletas.
  • Internacional e Ferroviária: tradição consolidada no futebol feminino e bom trabalho de base.

Esses exemplos mostram que, com planejamento e investimento, o futebol feminino pode se tornar um ativo relevante não apenas para o clube, mas também para a formação social e a construção de identidade.


O impacto do crescimento: um novo mercado

O crescimento do futebol feminino abre portas para a criação de novos produtos e serviços. Há espaço para:

  • Novas linhas de produtos licenciados: camisas, materiais e experiências direcionadas ao público feminino.
  • Eventos exclusivos: festivais e campeonatos de base para meninas, integrando o futebol feminino à cultura esportiva brasileira.

Esse potencial comercial, aliado à força social que a modalidade tem, deve ser explorado pelos clubes como estratégia de longo prazo.


Conclusão: o futuro é feminino – mas exige investimento

O futebol feminino brasileiro está em crescimento, mas ainda enfrenta desigualdades estruturais que limitam o seu potencial. A expansão do número de clubes e a consolidação de campeonatos nacionais são sinais positivos, mas o desafio principal segue sendo o apoio financeiro consistente e a criação de estratégias de engajamento com o público.

O momento é de oportunidade: transformar a modalidade em um ativo relevante, que gera receitas, engaja torcedores e contribui para uma sociedade mais igualitária e plural. Para isso, é fundamental que os clubes olhem para o futebol feminino não como um “custo”, mas como um investimento estratégico para o futuro do esporte no Brasil.

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