O mercado de transferências de atletas no futebol brasileiro sempre foi uma importante fonte de receita para os clubes. Em 2024, esse segmento ganhou ainda mais relevância, tornando-se um diferencial para as finanças de vários times da Série A. O relatório elaborado pela Convocados Gestora de Ativos de Futebol, Outfield Inc e Galapagos Capital mostra quais clubes mais lucraram com a venda de jogadores – e como isso afetou diretamente suas contas.
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O tamanho do mercado: números impressionantes
Em 2024, os clubes da Série A movimentaram impressionantes R$ 2,328 bilhões em transferências de atletas – um crescimento de 36% em relação a 2023. Esse avanço ocorreu principalmente em euros, com impacto positivo do câmbio e do aumento no número de negociações internacionais.
Esse salto mostra como o futebol brasileiro continua sendo um grande exportador de talentos, apesar dos desafios locais de gestão e infraestrutura.
O destaque absoluto: Palmeiras
Entre todos os clubes, o Palmeiras foi quem mais lucrou com transferências em 2024: R$ 504 milhões. O clube teve um crescimento de 157% em relação ao ano anterior, consolidando-se como o principal exportador do futebol nacional. Essa performance impressionante ajuda o Palmeiras a manter o equilíbrio financeiro e investir em outras áreas, como infraestrutura e categorias de base.
O fenômeno Fluminense: crescimento explosivo
Outro caso emblemático foi o do Fluminense, que alcançou R$ 268 milhões em transferências de atletas – um salto espetacular de 1.489% em relação a 2023. Esse crescimento expressivo demonstra como a boa gestão de ativos (jogadores) pode mudar completamente o panorama financeiro de um clube.
Outros clubes que se destacaram
Além de Palmeiras e Fluminense, outros clubes também conseguiram receitas expressivas no mercado de transferências:
- Corinthians: R$ 267 milhões (+39% em relação a 2023).
- Athletico: R$ 208 milhões (+31%).
- Internacional: R$ 178 milhões (+192%).
- RB Bragantino: R$ 122 milhões (+482%).
Esses números revelam que a venda de jogadores segue sendo essencial para a sustentabilidade dos clubes, especialmente para aqueles que enfrentam desafios em receitas recorrentes.
Quem ficou para trás
Enquanto alguns clubes surfaram a onda das transferências, outros viram quedas preocupantes. O caso mais notável é o do Flamengo, que arrecadou R$ 76 milhões em 2024 – uma queda de 74% em relação a 2023. Essa retração significou uma perda de R$ 215 milhões, valor superior às receitas totais de vários clubes da Série A.
Como as transferências afetam as finanças
O relatório destaca que as transferências de atletas têm papel ambíguo: elas ajudam a equilibrar as contas, mas também podem mascarar problemas de gestão. Clubes como Palmeiras e Flamengo utilizaram bem essa receita para pagar dívidas e investir em infraestrutura. Já clubes como Atlético-MG e Corinthians enfrentam crescimento de dívidas mesmo com receitas relevantes de transferências, indicando falhas na gestão.
Relevância nas receitas dos clubes
O peso das transferências nas receitas totais varia bastante. Em clubes como Cuiabá e Palmeiras, essa linha representou mais de 40% das receitas em 2024. Já no caso do Fluminense, as vendas de jogadores responderam por quase 40% do total, sendo um diferencial competitivo e financeiro fundamental.
O mercado global e a exportação de talentos
O relatório reforça que o Brasil continua sendo protagonista na exportação de jogadores, mas a maior parte do valor agregado das transferências ocorre na Europa. Esse dado revela a necessidade de estratégias mais sofisticadas para valorizar atletas e manter parte do ciclo econômico dentro do país.
Conclusão: a balança entre mercado e gestão
Em 2024, o mercado de transferências provou ser um motor essencial para as finanças dos clubes. Exemplos como Palmeiras e Fluminense mostram que é possível transformar vendas em vantagem competitiva e sustentabilidade. Por outro lado, clubes como Flamengo e Atlético-MG aprendem que depender demais das transferências pode ser arriscado – principalmente se a gestão das dívidas não for eficiente.
A lição que fica para 2025 é clara: usar as receitas de transferências como alavanca de crescimento, mas sempre com foco em um projeto de longo prazo que combine formação de atletas, eficiência financeira e competitividade dentro de campo.