O skate já foi considerado um esporte marginalizado, mas hoje é um dos grandes destaques das competições olímpicas. Sua jornada, que começou como alternativa ao surf nos Estados Unidos, ganhou força no Brasil e se consolidou com nomes como Bob Burnquist e Rayssa Leal. Neste artigo, você vai conhecer a origem do skate, sua chegada ao país, os momentos de proibição, os grandes marcos da cultura urbana e a consagração nas Olimpíadas de Tóquio 2021.
Como surgiu o skate?
O skateboarding nasceu nos Estados Unidos, ainda na primeira metade do século 20, com diferentes versões criadas de forma artesanal. Há relatos de crianças que, por volta de 1918, desmontaram patins e pregaram as rodas em pranchas de madeira.
A prática ganhou força no fim da década de 1950, principalmente entre surfistas californianos que buscavam simular as manobras do mar nos dias sem ondas. Em 1959, a marca Roller Derby lançou o primeiro modelo comercial de skate, com rodas de ferro — que, apesar do sucesso de vendas, causavam muitos acidentes, levando a campanhas contra o esporte em algumas regiões dos EUA.
Chegada do skate ao Brasil
O skate desembarcou no Brasil nos anos 1960, com forte cultura do “faça você mesmo”. As primeiras pistas foram improvisadas em piscinas vazias, rampas de madeira e calçadas inclinadas. Entre os pontos mais icônicos da época estão a Avenida Atlântica, no Rio de Janeiro, e a Pracinha do Sumaré, em São Paulo.
Em 1976, foi inaugurada a primeira pista de skate da América Latina, em Nova Iguaçu (RJ). O skate passou a ser símbolo de contracultura, com forte ligação com o punk e, posteriormente, com o hip hop.
Anos 1980: repressão, resistência e cultura pop
Apesar do crescimento, o skate continuava sendo visto com desconfiança. Em 1988, o então prefeito de São Paulo, Jânio Quadros, proibiu a prática do skate nas ruas, alegando que causava “barulho e baderna”. A medida gerou protestos e só foi revogada em 1989, com a posse da prefeita Luiza Erundina.
Mesmo com a repressão, o skate seguia firme. Filmes como De Volta Para o Futuro e o surgimento de novas associações ajudaram a manter o esporte em evidência. No fim da década, o número de praticantes voltou a crescer.
Profissionalização nos anos 1990: X Games e Tony Hawk
Na década de 1990, o skate passou por uma verdadeira transformação. A criação dos X Games, pela ESPN, deu visibilidade global ao esporte, enquanto o lançamento do jogo Tony Hawk’s Pro Skater atraiu uma nova geração de skatistas e fãs.
No Brasil, nomes como Bob Burnquist despontaram como referência internacional, enquanto a cultura do skate se misturava à música de bandas como Charlie Brown Jr., CPM 22 e artistas como Marcelo D2.
Anos 2000: crescimento e consolidação
O início dos anos 2000 marcou a realização dos X Games em cidades brasileiras como Rio de Janeiro e São Paulo, além da criação de um circuito nacional de skate. De acordo com o Datafolha, em 2009 o Brasil já contava com 3,8 milhões de skatistas, reforçando o país como uma das maiores potências da modalidade no mundo.
Olimpíadas de Tóquio 2021: o skate entra para a história
O grande marco veio em 2021, com a estreia do skate nos Jogos Olímpicos de Tóquio. O Brasil brilhou logo na primeira participação, conquistando duas medalhas de prata:
- Kelvin Hoefler no street masculino
- Rayssa Leal, a Fadinha, no street feminino
Com apenas 13 anos, Rayssa Leal se tornou a atleta brasileira mais jovem a conquistar uma medalha olímpica, encantando o mundo com seu talento, carisma e representatividade. Sua conquista impulsionou ainda mais o skate entre crianças e adolescentes, especialmente entre as meninas skatistas.
O skate hoje: esporte, cultura e identidade
Mais do que uma modalidade olímpica, o skate se tornou símbolo da cultura jovem, da resistência e da criatividade urbana. O esporte passou por fases de rejeição, repressão, explosão midiática e, hoje, vive seu auge com reconhecimento global e atletas inspiradores.
A história do skate no Brasil é marcada por luta, paixão e muita manobra. E, com uma geração talentosa já em ação, o futuro promete ainda mais medalhas, pistas e inspiração.