A Força das Casas de Apostas nos Patrocínios: Flamengo puxa a fila

O futebol brasileiro vive um novo momento quando o assunto é patrocínio. As casas de apostas transformaram o cenário de patrocínios, trazendo cifras recordes e alterando o perfil de investimentos nos clubes. Essa mudança, registrada nos relatórios da Convocados Gestora de Ativos de Futebol, Outfield Inc e Galapagos Capital, ilustra como essa indústria se tornou fundamental para o financiamento dos clubes – mas também aponta para riscos significativos no futuro.

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O salto nas receitas comerciais

Segundo os dados de 2024, os patrocínios comerciais tiveram crescimento real nos últimos quatro anos, com um aumento expressivo de 29% em 2023 e 11% em 2024. Esse movimento foi puxado diretamente pelas casas de apostas, que passaram a ocupar o lugar de patrocinadores master em muitos clubes da Série A.

Destaques do impacto:

  • O valor de patrocínio master estimado em 2024 chegou a R$ 579 milhões.
  • Para 2025, o valor previsto sobe para impressionantes R$ 988 milhões.

Esses números são impulsionados pelo apetite voraz das casas de apostas em se associar à popularidade do futebol brasileiro, um mercado de consumo gigante e apaixonado. Praticamente todos os grandes clubes já têm contratos com casas de apostas – e essas parcerias passaram a ser a espinha dorsal do orçamento de marketing.


Como funciona a dependência?

A força das casas de apostas vai além do valor financeiro. Elas passaram a representar 28% das receitas comerciais e 7% das receitas recorrentes dos clubes em 2024. Ou seja, hoje, quase um terço do dinheiro que chega aos cofres dos clubes via patrocínios vem desse segmento.

Essa dependência pode ser perigosa por dois motivos principais:

  • Regulamentação instável: as casas de apostas ainda enfrentam questionamentos legais e políticos no Brasil. Qualquer mudança na lei pode afetar diretamente os contratos vigentes.
  • Volatilidade de mercado: como um setor novo e em expansão, o mercado de apostas pode enfrentar oscilações bruscas ou retrações repentinas.

Esses fatores tornam o patrocínio de casas de apostas um “ativo de alto risco” no longo prazo. Se por um lado ele garante dinheiro rápido e abundante, por outro coloca a saúde financeira dos clubes na dependência de um mercado incerto.


Clubes que mais se beneficiam

Os principais clubes do Brasil já sentem os efeitos positivos das parcerias com casas de apostas. Segundo o relatório, o Flamengo segue liderando as receitas comerciais, com R$ 418 milhões em 2024 – um salto significativo em relação ao ano anterior.

Clubes em destaque com aumento expressivo de receitas comerciais em 2024:

  • Flamengo: R$ 418 milhões (+ R$ 164 milhões em relação a 2023)
  • Corinthians: R$ 290 milhões (+ R$ 126 milhões)
  • Palmeiras: R$ 180 milhões (+ R$ 15 milhões)
  • Fortaleza: R$ 44 milhões (+ R$ 5 milhões)

Essa transformação mostra como as casas de apostas mudaram o jogo para os clubes, inclusive para os times de menor orçamento, que passaram a captar receitas significativas nesse mercado.


A oportunidade e o desafio para os clubes

Para os clubes, a entrada das casas de apostas foi um alívio em meio a crises financeiras e receitas tradicionais estagnadas (como direitos de transmissão). O crescimento das receitas comerciais foi fundamental para compensar perdas em outras áreas e ajudar a equilibrar as contas.

No entanto, o relatório alerta para os riscos dessa dependência. Um dos pontos críticos é que as casas de apostas são, muitas vezes, o único patrocinador master disposto a investir grandes somas nos clubes brasileiros. Isso cria um “monocultivo” de patrocínio, sem diversificação de marcas e setores.


Riscos para o futuro

A médio e longo prazo, a dependência excessiva das casas de apostas pode gerar vulnerabilidades para os clubes:

  • Mudanças regulatórias: se o governo federal decidir alterar as regras do mercado de apostas, a fonte de receita pode secar abruptamente.
  • Imagem e reputação: questionamentos éticos e morais sobre o impacto das apostas no esporte podem prejudicar a imagem dos clubes.
  • Sustentabilidade: contratos de curto prazo e a falta de diversificação nos patrocínios comerciais podem comprometer o planejamento financeiro dos clubes.

O relatório destaca que o momento é de aproveitar os recursos gerados pelas casas de apostas – mas também de buscar diversificação comercial e estabelecer contratos de longo prazo com empresas de outros setores.

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